Podo-dermatite em coelhos
Coelhos ao contrário de cães e gatos, não possuem coxins, que são aquelas pequenas “almofadinhas” presentes na sola das patas, que possuem uma pele mais grossa e que os permitem pisar no chão sem se machucar. Ao invés do coxim os coelhos tem uma grossa camada de pelos, que servem de amortecedor e proteção. A presença de pelos ao invés do coxim é uma adaptação interessante pois permite que os coelhos andem pela neve sem congelar as patas (lógico que esse não é o caso dos nossos coelhos).
OBS: Por este motivo nunca se deve cortar o pelo que fica embaixo das patas dos coelhos (estão ali para proteção).
A podo-dermatite em coelhos é uma ulceração (ferida aberta), inflamação e infecção da pele da sola das patas e jarretes (parte da perna de trás que descansa no chão quando um coelho se senta).
Quando não tratada corretamente A podo-dermatite pode evoluir facilmente para sinovite (inchaço dos tecidos articulares), progredindo para osteomielite (infecção óssea) e fraturas espontâneas devido a fragilidade do tecido ósseo. Em casos graves pode levar o animal a óbito e geralmente é recomendada a amputação do membro afetado.
SINAIS E SINTOMAS
Podemos classificar as lesões de Grau I até o Grau V, dependendo da gravidade:
Grau I - Forma mais branda da doença, ausência de pelos na região da sola das patas, sem presença de feridas ou crostas.
Grau II – Ausência de pelos na região, a pele apresenta inchaço e vermelhidão, sem feridas ou crostas, local levemente dolorido
Grau III – Ausência de pelos, presença de feridas e pequenas crostas na região e dor moderada.
Grau IV – Ausência de pelos, ferida infeccionada com presença de pus e sangue no local. Possível infecção e inflamação dos tendões ou tecidos mais profundos, Dor acentuada no local.
Grau V – Ausência de pelos, pus, crostas e sangue no local. Sinais de sinovite, osteomielite e possivelmente inflamação dos tendões. Dor insuportável e possibilidade de fratura do osso infeccionado Animal apresenta andar anormal e evita usar o membro.
OBS: Outros sinais e sintomas podem incluir falta de vontade de andar (associada a desconforto e dor), gases intestinais, nervosismo e anorexia (parar de comer).
PRINCIPAIS CAUSAS
Existem muitas causas para a podo-dermatite, as principais incluem excesso de fricção (piso muito áspero), exposição a umidade (ambiente úmido), exposição à urina/fezes, atrites, artrose e problemas de coluna. O problema ocorre principalmente em animais mais velhos, com sistema imunológico debilitado ou naqueles que se encontram em cama suja.
Coelhos obesos, que fazem pouco exercício ou ficam muito tempo presos em gaiolas pequenas, também correm risco, devido à maior pressão colocada sobre as patas e/ou que passam muito tempo sentado sem se mover, formando o que chamamos de “ulceras de pressão”. As úlceras de pressão ocorrem pela deficiência prolongada na irrigação de sangue e na oferta de nutrientes em determinada área do corpo, em virtude da pressão externa exercida pelo piso (chão) contra a pele.
Alguns coelhos podem desenvolver uma podo-dermatite secundária a uma infecção bacteriana sistêmica, com o surgimento de vários abcessos doloridos pelo corpo. Infecções comuns que causam abscessos incluem Staphylococcus aureus, Pasteurella multocida, Proteus spp., Bacteroides spp. ou Escherichia coli.
DIAGNÓSTICO
O médico veterinário precisa esclarecer as causas junto ao tutor, descartar abscessos e infecções associados a outros traumas ou fraturas. Radiografias fornecem informações importantes sobre os ossos. Coelhos com infecções ósseas têm um pior prognóstico e requerem tratamento mais prolongado do que aqueles com estágios mais leves da doença.
TRATAMENTO
Importante salientar que quanto mais precoce e rápido o diagnóstico, melhor o prognostico e aumenta consideravelmente a possibilidade de cura. O tratamento precoce envolve atendimento ambulatorial para aliviar desconforto, curativos e procedimentos cirúrgicos para remover crostas e tecido mortos, acompanhados do uso de antibióticos (a longo prazo) e medicamentos para o controle da dor.
Um prognóstico ruim é provável para pacientes portadores de doenças graves e a recorrência é comum nestes casos, é fundamental procurar assistência veterinária nos primeiros sinais de desconforto, antes que a infecção se complique. Também é importante considerar as limitações de tempo do tratamento, em muitos casos são necessários vários curativos ao dia.
Muitas vezes o problema se torna crônico, não havendo possibilidade de resolução, mas sim de controle e gerenciamento das lesões. Nesses casos é fundamental que o coelho receba os devidos cuidados para essa condição, incluindo os cuidados médicos e curativos apropriados, além de um espaço limpo seco.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Controlar a alimentação é importante durante todo o tratamento para prevenir desnutrição e problemas gástricos devido ao crescimento de bactérias desfavoráveis no intestino. Lembrando que a dor, diminui a motilidade intestinal e aumenta a possibilidade de gases (que provocam cólicas).
Gaiolas com piso de arame são contraindicadas, pois promove a formação de calos ou pequenas abrasões que podem se infectar rapidamente. É especialmente importante garantir que o local do animal seja mantido limpo e livre de umidade (um ambiente úmido é ideal para problemas de pele e crescimento de bactérias e fungos).
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