Automutilação e a destruição das penas em relação a dieta das aves – A relação entre Intestino e Com
Os episódios de automutilação e/ou destruição de penas geralmente começa anos após a causa raiz, quadro que gera confusão quanto ao porquê e como os pássaros desenvolveram tal comportamento.
Muito além do estresse e dos fatores ambientais devemos entender que há diversos fatores que levam a esse comportamento autodestrutivo. E um dos fatores mais importantes que deve ser revisto é a DIETA da ave. Uma dieta a longo prazo composta por alimentos inadequados pode estar intimamente relacionada com a automutilação e/ou arrancamento/destruição das penas.
É importante saber que o intestino determina, em grande parte, as emoções, estado mental e até preferências alimentares. Da saúde do intestino depende a saúde do cérebro.
Muitas das aves que apresentam esse comportamento destrutivo são alimentadas com alimentos inadequados, sementes secas (principalmente girassol e amendoim) e outros alimentos processados (leite, pão, café, comidas caseiras, etc). Todos esses alimentos são inadequados para o trato digestivo de um “papagaio”.
Esses alimentos inadequados modificam a microbiota intestinal, permitindo e incentivando o crescimento de microrganismos estranhos e aberrantes. Uma flora intestinal saudável é necessária para a produção de neurotransmissores (pequenos sinais nervosos que dizem a uma criatura viva o que fazer, onde ir, como agir e se comportar). Isso pode parecer irreal, mas não é. Considere que:
O intestino possui muito mais neurônios do que a medula espinhal – cerca de 100 milhões – perde apenas para o cérebro em número de neurônios.
Cerca de 95% da serotonina é fabricada e armazenada no intestino. Serotonina é o principal neurotransmissor que determina o “bem-estar”. A falta deste neurotransmissor está diretamente envolvido com casos de depressão, ansiedade, angustia e outros sentimentos ruins.
O intestino fabrica e utiliza mais de 30 neurotransmissores utilizados pelos neurônios, tanto do intestino quanto do cérebro.
O processo de digestão regula o movimento coordenado dos alimentos ao longo do intestino; o progresso do processo digestivo; a concentração de sal, nutrientes, acidez, alcalinidade, etc, sem ajuda do cérebro.
Todo esse conjunto de neurônios e neurotransmissores intestinais, em conjunto com os do cérebro, são responsáveis pela conexão entre o “bem-estar emocional” e o “bem-estar físico”. E logicamente, qualquer alteração nesse delicado “equilíbrio” gera o que podemos chamar de “mal-estar”.
Após anos e anos de consumo de alimentos inadequados pela ave, o trato gastro intestinal fica tão danificado que os nutrientes passam a não ser absorvidos adequadamente. Há também uma queda na produção de neurotransmissores pelo intestino (principalmente a serotonina).
O trato digestivo com a microbiota alterada diminui a produção dos neurotransmissores e passa a produzir toxinas que também serão absorvidas. A carência dos neurotransmissores e as toxinas certamente levam a alterações de comportamento, “mal-estar” e consequentemente a episódios de automutilação e destruição das penas.
Lembre-se que a “dieta inadequada” pode estar está na raiz das muitas doenças, entre elas os "transtornos mentais".
Situações estressantes levam a um aumento da permeabilidade do intestino o que resulta na absorção de “nutrientes” maiores (mal digeridos), que uma vez na circulação sanguínea, não são reconhecidos pelo organismo, como corpos estranhos que devem ser atacados pelo sistema imunológico, provocando a produção de anticorpos (resposta imune) que cria um estado “inflamatório” no corpo, o que predispõe a uma série de doenças.
Além disso esta resposta, digamos, desnecessária, acaba gastando o sistema imune e diminui resposta adequada para combater vírus e/ou bactérias que realmente importam, e predispondo a ave a toda sorte de infecções.
Podemos também olhar a conexão intestino-cérebro por um outro ângulo: um papagaio não come bem, vivendo à base de semente de girassol, bolachas e leite com café, o que causa deficiências nas funções mentais, como memória, atenção, concentração e humor. Isso, por sua vez, leva ao “stress”, que como vimos acima, resulta num prejuízo ainda maior da função de absorção de nutrientes e baixa imunidade, que resulta em doenças e piora do estado mental e comportamental.
Muita gente muda a dieta das aves nestes casos e reclama que nada mudou e que a ave continua a se automutilar. Entenda que o processo é lento, afinal o quadro em geral é resultado de meses e até anos de uma alimentação ruim, e a mudança drástica da dieta não vai resultar em resultados imediatos.
A cura do trato digestivo e a normalização da microbiota intestinal não ocorre do dia para noite, pode-se levar anos até que a produção de alguns neurotransmissores se normalize e que uma nova microbiota saudável se estabilize. Devido a isso que geralmente vemos algumas melhoras iniciais, ou até mesmo melhoria total, em um curto período de tempo. Mas, de repente, a destruição das penas começa de novo.
A reversão deste quadro de autodestruição não acontece rapidamente, nem em semanas ou mesmo meses, mas sim ANOS! Seja paciente e não volte a alimentar incorretamente, a ave ira passar para outro nível de saúde depois que “desintoxicar”.
Alguns dos alimentos considerados “corretos” compreendem as frutas tropicais(de preferência não maduras), legumes, folhas de coloração verde escura, sementes germinadas (em quantidade limitada), ração extrusada de boa qualidade. Tudo isso combinado, somente ração também esta longe de ser o ideal.
Embora estamos aqui colocando que a dieta seja um fator importante nos casos de automutilação e destruição de penas há outros motivos que levam a ave a desenvolver esse comportamento, e portanto devem receber a mesma atenção. Entre as varias causas temos os parasitas internos e/ou externos, problemas hepáticos, problemas renais, neoplasias, problemas articulares, infecção bacteriana, fúngica e/ou viral, intoxicações (metal pesado), foto período inadequado, ciúmes, frustração sexual, etc.
É imprescindível de que aves que apresentem sinais de automutilação e/ou destruição de penas sejam cuidadosamente examinadas por um médico veterinário especializado, em conjunto com a realização de exames complementares (radiografias, hemograma, função renal e hepática, etc) que auxiliam o diagnóstico correto e direcionam o tratamento.
Conclusão: para existir saúde plena, o intestino tem que funcionar bem.
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